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Tempo de Desafios Trânsito, Pandemia e Guerra
22 de Março, de 2022
Artigo
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By JOSÉ ROBERTO DE SOUZA DIAS
Tempo de Desafios Trânsito, Pandemia e Guerra

A pandemia pegou a economia mundial de jeito. As primeiras reações mostraram que os governos não estavam preparados para enfrentá-la, tanto aqui como em várias partes do mundo. Poucos foram os governantes que tiveram sangue frio suficiente para reconhecer que a paralização indiscriminada do trabalho não era a solução mais adequada no combate a pandemia.

Os três impactos das ondas pandêmicas atingiram fortemente a economia mundial e, como sempre acontece em situações de crise, obrigaram os países a encontrar saídas não convencionais, como os pacotes de estímulos adotado pelo Brasil que impediu muitos de sucumbirem com o desemprego e a fome. A política do “fica em casa e a economia se vê depois” mostrou- se totalmente ineficiente, o país só não afundou em função das estratégias adotadas. Mesmo assim, gente de toga e sem, continuou a afirmar que era coisa de exterminador do futuro.

Estudos realizados pela Hiroshima University, em conjunto com outras instituições científicas, sobre os impactos das ondas pandêmicas e suas consequências para o setor de transporte, mostraram que em todo o mundo as consequências foram severas para a aviação, ferrovia e transporte público. Segundo observam "as viagens de carro estão se recuperando enquanto o uso das bicicletas crescem e os serviços de encomendas aumentam a cada dia". Entretanto alertam que "será difícil para os modos de transporte de massa retornarem aos caminhos anteriores ao Covid devido à redução da confiança dos passageiros”.

Neste exato momento, quando a humanidade se preparava para emergir do pesadelo representado pela pandemia eis que uma guerra é declarada. Delicadíssimo momento pois um dos contentores possui uma das maiores forças armada do mundo, um dos melhores serviços de inteligência e, estima a BBC de Londres, mais de 6 mil ogivas nucleares, incluindo cerca de 4 mil em arsenal ativo e o restante em desmantelamento.

Tudo isso agravado por um panorama mundial carente de estadistas, lideranças políticas reconhecidas internacionalmente, preocupadas com as gerações futuras e não apenas com as próximas eleições.

As características da guerra, os personagens que envolve e a área que abarca acende a luz vermelha pois é uma importante região fornecedora de grãos, como o trigo, e de fertilizantes, principalmente os nitrogenados e o potássio. Pode-se afirmar que o prolongamento do conflito coloca em risco a segurança alimentar mundial.

O governo brasileiro se preocupa, pois importa cerca de 85% dos fertilizantes que consome. No caso dos nitrogenados e do potássio a dependência externa chega a 95%.

Tal fato explica perfeitamente a política de neutralidade em relação ao conflito. Afinal, o Brasil é um dos maiores fornecedores de alimentos do mundo, sendo fundamental proteger sua cadeia de Agro Business.

Mas, esse tipo de preocupação não se esgota no mercado agrícola. O comércio é uma pista de mão dupla e os países em conflito são estratégicos nos mercados de commodities. Uma vez serem grandes exportadores de produtos como petróleo, gás natural, carvão, ouro e outros metais preciosos.

A pandemia e a guerra ajudaram a mostrar nossas fragilidades e uma das mais evidentes é o transporte e suas correlações com o meio ambiente e a vida em sociedade. É patente que de nada adianta produzir-se petróleo se não se tem a capacidade para refiná-lo. Todos lembram do escarcéu que se fez quando do início da exploração do pré sal e depois com os contratos para construção de usinas de refino e do silencio ensurdecedor dos potentados de então quando os escândalos do Petrolão tornaram-se públicos.

Pois é, por mais que se tente esconder, a luz insiste em iluminar as trevas. O País que teve sua petrolífera quase destruída pela corrupção, inclusive com a construção de refinarias fantasmas, continua sem capacidade de refino comprometendo seriamente o processo de desenvolvimento. Agora, paga- se a conta dos desmandos e da roubalheira. Quem paga o pato é o cidadão toda vez que abastece o seu carro ou pega um transporte público.

As crises são salutares pois estimulam a busca de soluções que certamente virão sob a forma inicial de repensar o transporte. A frota brasileira está pronta para o uso do biocombustível, o momento é este para se estimular a produção de álcool e de biodiesel em quantidade necessária para atender o mercado.

E que tudo isto sirva de reflexão para as escolhas de outubro...

JOSÉ ROBERTO DE SOUZA DIAS

Doutor em Ciências Humanas e Mestre em História Econômica pela USP, criou e coordenou o Programa PARE do Ministério dos Transportes, foi Diretor do Departamento Nacional de Trânsito – Denatran, Secretário-Executivo do Gerat da Casa Civil da Presidência da República, Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Ciências Sociais de
Florianópolis – Cesusc, Two Flags Post – Publisher & Editor-in-Chief.