Longos feriados, época de se confraternizar, passear, viajar, sentir a natureza, contato com pessoas, ter os amigos e parentes ao redor, para que possamos comemorar um período de descanso e lazer. Infelizmente essas pessoas são convidadas a isso e chegam à condição de sinistros nas estradas, ruas, a caminho do passeio, da viagem. Perdem a vida estupidamente.
A agressão nas vias nos parece espontânea, indigna a ponto de um xingar o outro e muitas vezes, como vimos no último feriadão em que o indivíduo aperta o gatilho do revólver em direção ao outro que fez um gesto e xingou. É o fim, estamos numa era de predadores da raça humana que circulam nas vias e rodovias. Estamos chegando ao eu preservo minha vida e ser violento é a necessidade para o momento.
Quais soluções para tais problemas emergentes nas vias. Problemas decorrentes do estresse causado pelo trânsito, pelo anda e para, pela fumaça, pelo barulho, pelo desconforto, pelo calor. Infelizmente, não se vê uma solução para controlar esses motoristas, que são capazes de trazerem transtornos e, ao mesmo tempo, sinistros graves, gravíssimos, que levam diversas vítimas aos prontos socorros que muitas vezes nem chegam, falecem no caminho ou no local do sinistro. Em consequência do absurdo ocorrido, muitas vezes recuperado no hospital, deixa o mesmo em uma cadeira de rodas com perda da capacidade de trabalho e lazer. Inertes muitas vezes numa cama necessitando cuidados gerais para sua sobrevivência, com custo altíssimo para o Estado e para a família.
Soluções são propostas em diversos setores, múltiplas organizações não governamentais estão disponíveis para orientar. Áreas médicas traçam caminhos, geram diretrizes para avaliação dos motoristas, promovem o exame físico e psicológico para manter indivíduos aptos para a direção veicular.
Órgãos públicos preparam estratégias de proteção do homem quando na sua movimentação como pedestre, ciclista, motociclista e motorista que transitam na via pública, na calçada, na ciclofaixa, ciclovia, no asfalto. Com tudo que é tão bem-feito, infelizmente temos visto Indivíduos em óbito na calçada, na ciclofaixa, na ciclovia e mesmo estirado no asfalto. É mais um dado para estatística que assusta, como esta que apresentamos a seguir.
Acidentes rodoviários feriadão da Páscoa 2025 (PRF):
Viver nesse mundo de desrespeito, de insignificância, de desvalorização da vida, de julgar que o outro é outro e não eu, que não faz parte da sua vida, do seu convívio. Somos capazes de fazer absurdos nas vias sem contenção, sem segurança, sem fiscalização do Estado coibindo o abuso, descontrole, desrespeito às sinalizações, ao pedestre e os demais veículos que transitam ao lado.
Desde a década de 80. Venho estudando à saúde e o comportamento do homem no trânsito e tenho observado uma série de irregularidades que assustam, que não conseguimos remediar, não conseguimos reduzir as alterações comportamentais que observamos e tão pouco conduzi-lo ao médico. Desde então, atuamos em campanhas de redução dos sinistros, das mortes dos atropelados do nosso trânsito.
A mudança de comportamento social do homem, deve incluir e estimular o amor, a solidariedade, o carinho, atenção, a gentileza são componentes importantíssimos para que possamos conviver dentro de uma sociedade sadia, experimentada, cheia de orgulho daquilo que se pensa, do que se faz. Infelizmente estamos diante desse destempero da sociedade, em consequência, maior agressividade no trânsito, numa reunião, uma disputa futebolística, na prática de um esporte onde ninguém quer perder, todos tem que vencer. A mesma coisa com relação ao trânsito, todos têm que estar no primeiro lugar, ninguém pode me ultrapassar, eu é que tenho que ultrapassar a todos, eu é que tenho a melhor máquina, eu tenho que estar à frente.
Estamos à beira do caos, de não podermos mais transitar porque a agressividade, assaltos, crimes de trânsito, a possibilidade de óbito, é cada vez mais frequente. Consequências muito maiores com sofrimento da população e do Estado que não tem como repor ou compor aquilo que é a necessidade básica para atender essa população.
Infelizmente, teremos um futuro tenebroso se não tivermos essa mudança radical do comportamento social.
Diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego)