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 Motorista: atividade sofrida
26 de Outubro, de 2023
Artigo
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By DIRCEU RODRIGUES ALVES JUNIOR
Motorista: atividade sofrida

Trabalho com Insalubridade e Periculosidade

 

A legislação do trabalho determina que se tenha no máximo 8 horas de trabalho por dia, mas reduz esse tempo quando existe insalubridade ou periculosidade em grau elevado.

Imagine o trabalho de um caminhoneiro ou de um motorista de coletivo!

O nosso motorista não está passeando, mas fazendo trabalho repetitivo durante longo tempo. Preocupado com as vias e rodovias, com a carga, com assalto, sob estresse todo o tempo, estresse físico, mental e social. Preocupado ainda com o tempo de entrega da carga, espera para descarregar. Come na via, embaixo do caminhão, fazendo seu próprio alimento sem local próprio, sem local ideal para sua higiene corporal, seu banho, e até para dormir. É nesse trabalho que se vê estampada a insalubridade e periculosidade. É uma função de sacrifício e onde não comporta hora extra, já que sabemos que quanto maior o tempo de exposição nessa atividade maior é a possibilidade de aparecimento de doenças e de absenteísmo, além do aumento dos sinistros.

A lei do caminhoneiro que envolve também o motorista de ônibus é impositiva fazendo o trabalho ser realizado durante 5 horas ininterruptas, sem levantar-se do banco, após repouso de trinta minutos retorna à atividade.  Dessa forma a possibilidade de surgimento de doenças ocupacionais (LER/DORT), torpor, fadiga, sono levando o trabalhador a redução da atenção, concentração, raciocínio, vigília, percepção, resposta motora lenta e logicamente fazendo uma direção insegura. A redução desse tempo de 5 h para 3h seria um benefício muito grande na prevenção dos problemas citados e nessa interrupção descer do veículo, fazer um alongamento, exercitar músculos e articulações, fazendo uma caminhada ao redor do veículo, tudo isso num período de 15min, após o que retorna à direção para mais 3h de jornada.

O sono e a fadiga sabemos que é decorrente de noites mal dormidas, poucas horas de sono, local inadequado, iluminação, falatório, barulho, dormir na boleia que é totalmente contraindicado com relação à higiene do sono. Temos que incluir aqui o trabalho repetitivo de corpo inteiro como grande concorrente para a fadiga. Além disso, temos fatores predominantes na direção veicular capazes de gerar o sono, como a vibração do veículo, o ruído continuado, imagens externas que passam no campo visual, balanceamento da cabeça induzindo o indivíduo ao torpor e a sonolência.

O ruído além de contribuir para o torpor e sonolência é capaz de levar a redução da audição, provocando perdas auditivas continuadas em função do tempo de exposição, quanto mais tempo de exposição, logicamente, mais perda auditiva. E essa perda auditiva podendo chegar à surdez e a surdez sendo uma doença incapacitante para a função. Sabemos que o trânsito é extremamente ruidoso principalmente nos grandes centros.

Mas não é só isso que temos como riscos à segurança no transporte. A negligência, imprudência, imperícia são os principais e que são muitas vezes esquecidos pelos empresários, gerentes e mesmo pelo próprio motorista. Há necessidade de reciclagem, de atualização as mudanças, mudanças observadas na confecção dos veículos, as montadoras têm projetos de modernização dos veículos com características diferentes, largura, altura e bitrens. Ainda com uma tecnologia diferenciada introduzida no veículo, então é necessário que se tenha um treinamento, tomar conhecimento e aprendizado do veículo automático e daquele que comporta tecnologia diferente.

 O tempo determinado para entrega do produto transportado é outro fator importante. A condição climática, Sol, chuva, neblina, condições da via, a velocidade, o álcool, drogas, tecnologia introduzida na boleia do veículo, fadiga, sono, estresse físico, mental, social, tudo justifica riscos.

Hábitos incorretos, postura, chinelo de dedo, braço na janela, fumar, variações climáticas, vibração, ruído, gases, vapores, poeiras, fuligens são elementos importantes na segurança veicular que devem ser observados, assim como a tecnologia que é um potencial risco para o sinistro e ainda pela perda da visão, concentração, atenção, raciocínio, vigília, percepção.

DIRCEU RODRIGUES ALVES JUNIOR

Diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego)