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Disromper para desenvolver
26 de Julho, de 2021
Artigo
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By JOSÉ ROBERTO DE SOUZA DIAS
Disromper para desenvolver

O trânsito brasileiro é considerado um dos mais perigosos do mundo, para torná-lo mais seguro e eficiente necessita de novas Leis, e Resoluções ou, ao contrário, as que existem são mais do que suficientes?

Se faz tal indagação em virtude do constante apelo de alguns parlamentares, que ávidos por microfones e câmeras, insistem em propor novos instrumentos legais como forma de combater os acidentes de transito.

Certamente desconhecem que o Código de Trânsito Brasileiro, instituido em 1997,  tem originalmente 20 capítulos e 341 artigos, dos quais 17 foram vetados pelo Presidente da República e dois foram revogados. Provavelmente não sabem que a estrutura legal é composta, atualmente, por mais de 840 Resoluções do Contran, que são os instrumentos  que permitem aos órgãos de trânsito o estabelecimento de normas para aplicação das leis previstas pelo Sistema Nacional de Trânsito.

Portanto leis e outros princípios legais é o que não faltam. A indagação que se faz é por que, mesmo assim,  o país continua sendo campeão no número de acidentes de vítimas e de óbitos.

O aparato legal, por si só, não basta e é necessário aumentar a fiscalização, o policiamento de trânsito, a agilidade da justiça e, simultaneamente eliminar a corrupção e a impunidade.

O problema é mais profundo e depende de soluções que não se esgotam nas vias e nem nos tribunais. É ingenuidade supor que os aspectos legais, por si só, são suficientes para frear a guerra no transito.

Como já afirmei em outros Artigos, o trânsito é a janela da vida e está permanentemente aberta, descortinando por completo as relações sociais. Dessa ventana pode-se perceber o atraso no desenvolvimento que, com a pandemia, tornou-se mais visível. Tal fato pode ser constatado pelo contraste com o avanço  internacional em áreas como a automobilistica, a inteligência artificial ou a internet das coisas e as novas concepções na segurança de trânsito.

A Comissão Europeia, órgão normativo da União Europeia, está propondo que à partir de 2035 as montadoras sejam proibidas na Europa de vender carros movidos à combustão.  Assim tem havido um crescente investimento em carros híbridos e plug-in, pelas montadoras europeias. A legislação antipoluição  está cada vez mais rigorosa e nem mesmo os carros híbridos  atenderão os requisitos necessários para livre circulação.

A tecnologia aponta  a direção dos  modelos dos veículos da próxima geração: elétricos ou híbridos eletrificados. Inúmeras empresas apresentam seus novos carros. Com estes lançamentos medem o interesse  dos consumidores e mostram tendências em curso em suas plantas industriais.

A Toyota Motor  apresentou o Lexus com seu conceito de veículo elétrico o LF-Z que incorpora, desempenho de direção, estilo e tecnologia em seus novos carros elétricos.

A tecnologia de inteligência artificial aprende as características do motorista e suas preferências e  dá assistência à navegação, inclusive usando um aplicativo de telefone de onde várias funções podem ser operadas. Com isso estima-se a diminuição nos acidentes automobilísticos.

A Tesla revela sua pick-up elétrica, a Cybertruck e o Tesla Cybertruck, a primeira picape da empresa. Ela mantém tecnologias de outros modelos da marca, como o sistema de direção autônoma, Autopilot.

A  Ford lança sua pick up Ford- Savvy com uma engenharia hibrida padrão gás/elétrica em um veículo compacto.

A nova  tendência após a implantação dos veículos elétricos e da Tesla, são as chamadas inovações disruptivas com grandes e significativos avanços na área ambiental e da saúde.

Importante salientar que disrupção significa a quebra do curso normal de um processo. Ou seja, um negócio disruptivo não representa inovar algo já existente, mas sim desenvolver o hodierno, que vai impactar o mercado com um novo hábito de consumo. Dessa forma, uma inovação ou tecnologia disruptiva no trânsito e no transporte acaba desafiando os antigos padrões conhecidos, criando um outro padrão de mobilidade.

Desde sempre a tecnologia deixou de priorizar a saúde da população de forma integral. Hoje ao pensar em diminuir os danos causados pela combustão automotiva, procura-se olhar para o ser  humano como um todo e  não apenas como usuário da via.

Como pode se perceber não basta o aparato legal para humanizar o trânsito.

Infelizmente o ensino brasileiro, fora legítimas exceções, deixou de lado a formação do indivíduo e o conhecimento técnico e científico. As Universidades estão à deriva do desenvolvimento mundial. Em outros termos, não são disruptivas, e com isso obrigam o Brasil a continuar na sua senda colonial, vendendo insumos e no máximo copiando tecnologias importadas de alto custo.

É o politicamente correto fazendo seus estragos. Romper com isso é mais do que uma obrigação!!!

JOSÉ ROBERTO DE SOUZA DIAS

Doutor em Ciências Humanas e Mestre em História Econômica pela USP, criou e coordenou o Programa PARE do Ministério dos Transportes, foi Diretor do Departamento Nacional de Trânsito – Denatran, Secretário-Executivo do Gerat da Casa Civil da Presidência da República, Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Ciências Sociais de
Florianópolis – Cesusc, Two Flags Post – Publisher & Editor-in-Chief.