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Mal Comportamento
30 de Setembro, de 2023
Palavra do Presidente
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By ROBERTO ALVAREZ BENTES DE SÁ
Mal Comportamento

Questões comportamentais, que incluem a falta de manutenção dos veículos, estão entre as principais causas de mortes apontadas no relatório “Balanço da 1ª Década de Ação pela Segurança no Trânsito no Brasil e perspectivas para a 2ª Década”, divulgado recentemente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

No entanto, o Brasil não cumpriu as metas definidas na 1.ª Década de Ação pela Segurança no Trânsito durante a Assembleia-Geral das Nações Unidas, em 2010.

O relatório traz dados retraídos para um país que tinha se proposto a avançar nas ações para reduzir a violência no trânsito. Entre os resultados apresentados dos primeiros dez anos, as questões comportamentais aparecem entre os quatro principais fatores de sinistros de trânsito no período analisado, de 2010 a 2019:

falta de atenção – de motoristas e pedestres (36,6%); desobediência às regras (14,4%); excesso de velocidade (9,8%); e uso de álcool e drogas (5%). Somando todos, 65,8% dos acidentes acontecem por causas exclusivamente pelo comportamento do condutor.

A quinta causa de mortes, segundo o levantamento, diz respeito às condições dos veículos (4,5%). Para o diretor executivo da Federação Nacional da Inspeção Veicular (FENIVE), Daniel Bassoli, esse também é um ponto que deve ser encarado como um fator comportamental, uma vez que a responsabilidade de manutenção veicular é do proprietário.

Além disso, se no Brasil houvesse um processo de investigação de sinistros de trânsito mais eficaz, identificando realmente as falhas mecânicas causadoras de acidentes, esse índice seria muito mais elevado, sobretudo considerando a idade média da frota de veículos no Brasil, de 10,9 anos, segundo informações do Sindipeças.

Uma forma de resolver esse problema seria a partir da inspeção veicular periódica, ponto previsto no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), no seu artigo 104. Todavia, a legislação está vigente há 25 anos, porém, esse é um item que até agora não foi implementado no país.

Certamente, promover a mudança de comportamento é o ponto mais desafiador para mudar a realidade do trânsito brasileiro, uma vez que depende de mudanças culturais profundas na sociedade. É um trabalho de longo prazo e resultados tímidos. É preciso investir na educação básica e em campanhas focadas na redução de sinistros. No entanto, é preciso realizar estudos que apontem as maiores causas destes comportamentos inadequados e a forma de atacá-los.

Em 2010, o Brasil ocupava o 5.º lugar no ranking de países com mais mortes de trânsito no mundo. O número total de mortes aumentou 13,5% em comparação com o período anterior –  2000 a 2009. Dessa forma, frustrando a meta estabelecida, de redução de 50% no total das mortes. Ainda assim, com a variação da população, a taxa de mortalidade, ou seja, o número de mortes/100 mil habitantes, apresentou uma pequena elevação (2,3%).

Uma das principais mudanças verificadas a partir de 2010 está no perfil das vítimas de trânsito. Houve um grande aumento das mortes de usuários de motocicleta, redução de atropelamentos e pouca variação nas mortes de usuários de automóveis.

Pessoas que usam a moto como meio de transporte representam 30% das vítimas fatais no período de 2010 a 2019, contra 17% na década anterior (2000 a 2009). Por outro lado, houve redução no número das mortes por atropelamento, que caíram de 28% para 19%.

Lamentavelmente, o crescimento dos sinistros com motocicletas têm crescido muito nos últimos anos. Se nada acontecer, a tendência é piorar. Além das mortes, esses sinistros deixam também um grande número de pessoas incapacitadas, de forma temporária ou permanente.

 

 

ROBERTO ALVAREZ BENTES DE SÁ

Presidente do MONATRAN - Movimento Nacional de Educação no Trânsito