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Mortos e incapacitados no trânsito
12 de Fevereiro, de 2022
Artigo
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By DIRCEU RODRIGUES ALVES JUNIOR
Mortos e incapacitados no trânsito

A preocupação com nossos sinistros de trânsito tem que ser generalizada, precisamos acordar e atuar de maneira a reduzir os percentuais de incapacidades permanentes e óbitos. Necessitamos de ações veementes e radicais das autoridades, das montadoras, dos órgãos competentes e de toda a sociedade. Precisamos combater a doença epidêmica que assola nossa mobilidade, quer seja sobre rodas ou a pé.

É desesperador o que assistimos no trânsito brasileiro. Os órgãos governamentais apresentam estatísticas alarmantes para as quais pouca ou nenhuma atenção é dada. Respeitar as regras de trânsito, o que hoje é coisa rara, conhecer com profundidade a dinâmica da direção veicular, são necessidades básicas já que 93% dos sinistros acontecem por falha humana.

Necessitamos de mudanças radicais com relação a essa mobilidade, para que o direito de ir e vir não seja interrompido por lesões ou morte. Não se pode aceitar que o destino das pessoas saudáveis, com plena capacidade de estudo, trabalho e elo familiar seja encerrado nas calçadas, ruas, avenidas e rodovias. Estamos a perder uma massa humana numa faixa etária em que deveria estar altamente produtiva e que está sendo indenizada por morte e invalidez permanente. Os agentes causais são conhecidos e raras ações preventivas são tomadas. Tememos por um amanhã cada vez pior, não só com os óbitos, mas também com a invalidez temporária e permanente.

A ênfase hoje, para um único agente causal, é a “lei seca”, que está sendo fiscalizada precariamente de maneira pontual principalmente nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. E o resto do país? E os outros agentes causais? Quando serão colocados em evidência e vistos pelos governantes?

Recentemente o Seguro DPVAT divulgou o número de indenizações feitas, esses números são alarmantes e ao invés de decrescerem, crescem de maneira assustadora e as projeções para o final de 2022 não são compatíveis com o compromisso prorrogado pela ONU e OMS de 2021 a 2030.

Quanto custará isso para as vítimas, familiares, sociedade e para o “Estado”? Dessa forma, como evoluirá esse mal, acreditamos que nos próximos dez anos teremos perdas iguais ou até maiores. Ao invés de reduzirmos os percentuais, como afirmei, estaremos progressivamente aumentando de maneira assustadora com o predomínio do sexo masculino, atingindo em ordem decrescente motociclistas, pedestres, motoristas, ciclistas e passageiros.

De 2018 a 2020 foram gastos mais de 800 milhões pelo SUS com internações por trauma de trânsito. Mais de 30 mil mortes em 2020 e 30% das indenizações foram com sinistros no nordeste.

São números claros, objetivos que necessitam de cautela, prudência, perícia do homem enquanto motorista, motociclista, pedestre, passageiro e ciclista. E mais ações emergenciais das autoridades para erradicar a doença epidêmica que assola nosso país atuando na educação de trânsito, fiscalização e punição severa. Atuar ainda sobre as montadoras que devem aumentar a segurança dos veículos e contribuir em suas propagandas não para velocidade, mas sim para mostrar os riscos e a periculosidade da mobilidade sobre rodas.

Educar é necessidade prioritária.

 

DIRCEU RODRIGUES ALVES JUNIOR

Diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego)