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Por que ceder se tenho de estar à frente?
29 de Março, de 2021
Artigo
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By DIRCEU RODRIGUES ALVES JUNIOR
Por que ceder se tenho de estar à frente?

Ceder para sociedade é entendido como perda social e perder ninguém quer. É a lei de Gerson, todos queremos levar vantagem em tudo. A coletividade admite que tem direitos sobre os outros, isso leva entre outras coisas a perda da vida, da capacidade e a possibilidade de estarmos cometendo um crime e perdendo a liberdade, quando estamos no trânsito.

Talvez você não esteja entendendo o que tenho para dizer, mas tenho certeza de que daqui para frente vai entender e concordar comigo.

Imagine Mike Tyson versos um anão e uma carreta com 50 toneladas contra uma bicicleta, o que podemos esperar?

Reflita, é seguro, encoraja alguém, dá medo, eles se respeitam, há cordialidade?

O veículo nos dá a sensação de liberdade, de empoderamento, somos o dono da rua e queremos experimentar a liberdade cometendo riscos muitas vezes.

Na verdade, não reconhecemos imprudência, negligência e a imperícia está longe de se pensar. Ainda temos que lembrar que podemos estar cometendo ato inseguro e estar diante de condição insegura. Os riscos nos envolvem de tal maneira que ficamos cegos para a realidade que estamos a vivenciar.

Então, reduza suas emoções, coloque um breque na aceleração, no freio que lhe garante segurança, não chegue aos riscos, controle a sensação de liberdade, a ingestão de substâncias psicoativas, preserve sua vida, sua liberdade, não se torne um predador ou um presidiário.

A todo momento vemos os absurdos que ocorrem na área urbana e rodoviária. A lentidão no trânsito porque existe um acidente à frente, faz com que todos que passam pelo acidente se sensibilize, fique chocado ao ver aquele corpo estendido no chão, sem vida. Seguimos ultrapassando o acidente, mas em baixa velocidade e continuamos assim por alguns segundos e minutos refletindo e sensibilizados, isto choca. Nos perguntamos, “Como e porque aconteceu aquele acidente”. Reduzidas as reflexões, voltamos para o padrão antes do trânsito lento.

Parece que o que vimos no dia a dia, que nos machuca, sensibiliza, nos faz penalizado, mas não corrige nossos procedimentos.

Nos surpreende ao ver a violência no trânsito, mas não absorvemos o conhecimento e a triste experiência, nada se enxerga como necessidade de proteção à vida.

Quando estamos a pé reclamamos do procedimento de quem está motorizado, quando estamos motorizados reclamamos do pedestre, ciclista, motociclista, nunca estamos satisfeitos e o pior, nunca respeitamos uns aos outros.

Ceder um pouquinho de um lado e de outro, talvez fosse solução, mas ninguém quer ceder.

A Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego) que congrega todos os profissionais que exercem a medicina de Tráfego no País, tem como meta preservar vidas, reduzir o número de sequelados guando em mobilidade e fazer atuar a cidadania, o respeito, gentileza e o carinho de todos com todos. A mobilidade tem que ser prazerosa, as agressões gestuais, orais, a demonstração de força, irritabilidade, violência são coisas que tem que ser abominadas.

Há 40 anos a ABRAMET na sua área Científica desenvolve pesquisas, cria diretrizes que viram Projetos de Lei e acabam tornando-se lei.  Promove seminários, congressos nacionais e internacionais, participa de audiências públicas, de câmaras temáticas. Com tudo isso ainda não conseguimos mudar o entendimento dos legisladores e o comportamento da sociedade. Também não conseguimos provar que uma integração de ministérios pode acabar com a doença epidêmica que assola nossa sociedade quando em mobilidade.

Pandemia é o momento em que tudo isso precisa ser repensado e sedimentado.

É o momento para reflexões e transformações.

Vacina para essa pandemia no trânsito há muito tempo somos detentores, sabemos todos nós como erradicá-la, faltam lideranças capazes de implantá-las.

A década de 2010 a 2020, para redução das mortes no trânsito, foi prorrogada até 2030 porque não houve redução em 50% das mortes. Vamos batalhar para o legislativo e executivo entenderem a necessidade drástica de que precisam serem incorporadas a segurança de trânsito.

DIRCEU RODRIGUES ALVES JUNIOR

Diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego)