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Pra inglês ver
28 de Outubro, de 2020
Palavra do Presidente
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By ROBERTO ALVAREZ BENTES DE SÁ
Pra inglês ver

Essa famosa expressão brasileira tem como significado fingir que fez algo ou fazer algo mal feito. A teoria mais aceita é que ela surgiu na primeira metade do século 19, quando a Inglaterra, por interesses econômicos, tentou abolir a escravidão no mundo. Em sua lista, estava o Brasil, que tinha nos escravos a base de sua economia. Para “enganar” a potência, o Império colocava navios no litoral com a suposta missão de ir atrás das naus negreiras. Entretanto, na prática, nada acontecia a elas. Era uma encenação “para inglês ver”.

Dois séculos depois, esse tipo de prática continua muito comum no país, especialmente, quando se trata da gestão pública. Se envolver algum tipo de obra então, é melhor sentar e esperar porque provavelmente vai demorar e ainda corre-se o risco de não receber o resultado esperado.

Um exemplo dessa encenação irritante é a chamada “inauguração” da Ponte Hercílio Luz, ocorrida em dezembro passado cheia de pompa e circunstância. Depois de tantos anos, foram “concluídas” as obras de restauração da Velha Senhora, mas o tráfego de veículos não foi reaberto como se esperava. Aliás, nem as obras estavam prontas de verdade. Faltavam uma série de detalhes que até hoje não foram concluídos.

Para completar, veio a pandemia e agora achou-se mais uma desculpa para atrasar os compromissos firmados com a população. Abre a ponte, fecha a ponte, restringe o horário de travessia... e uma importante via de escoamento do complicado trânsito da capital catarinense é subutilizado.

Outro exemplo dessa dissimulação, foi a “inauguração” do acesso ao novo terminal do aeroporto de Florianópolis – uma novela que também ainda não tem data para terminar. Embora não possamos negar os méritos da atual gestão em praticamente conseguir concluir a obra, o que nos incomoda é a forma como as coisas são feitas.

Prometida, por fim, para outubro do ano passado, a via foi “provisoriamente” entregue (só para suíço ver), sem estar devidamente concluída, faltando desapropriações, licenças, sinalização e iluminação.

Aliás, por falar em iluminação, esta ainda não foi concluída, mesmo tendo passado a “inauguração oficial”, realizada um ano depois da chamada entrega parcial da obra. Isso porque, segundo alega o Governo do Estado, além de não fazer parte do projeto original da via, não há obrigatoriedade de rede de iluminação em rodovias estaduais e a responsabilidade da instalação em trechos urbanos seria da prefeitura.

Ou seja, um imbróglio que ainda está longe de acabar, embora tenha sido assumido finalmente pelo Estado o compromisso de garantir a iluminação pública do trecho. E é assim, que vamos seguindo, a passos lentos e necessitando cada dia mais de uma dose extra de paciência.

ROBERTO ALVAREZ BENTES DE SÁ

Presidente do MONATRAN - Movimento Nacional de Educação no Trânsito