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Turistas e Residentes exigem Respeito!
24 de Agosto, de 2021
Artigo
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By JOSÉ ROBERTO DE SOUZA DIAS
Turistas e Residentes exigem Respeito!

O arrefecimento da pandemia, a crise econômica mundial, a desvalorização do real perante a divisa norte americana, o preço crescente dos combustíveis e das passagens aéreas, são sérios indicativos para o que poderá acontecer nas férias de verão e nas festas de fim de ano que se aproximam.

As pessoas, estressadas nestes últimos dois anos de enfrentamento ao vírus chinês e aos extremos da mídia alarmista, preparam-se para respirar o ar do relaxamento. Para a imensa maioria dos turistas será praticamente impossível planejar uma viagem ao exterior ou para locais mais distantes que demandem maior gasto em transporte ou troca de moeda.

Alguns destinos turísticos, por sua proximidade com importantes centros populacionais, serão intensamente procurados, é o caso de Trancoso, Barra Grande, Barra da Lagoa, Santos, Guarujá, Praia Grande, Ubatuba, Paraty, Búzios, Jericoacoara, Ilhabela, Rio de Janeiro e, praticamente, todo o litoral catarinense, entre outros pontos de atração.

O turismo anseia por uma injeção de ânimo, para sobreviver à verdadeira hecatombe dos últimos dois anos e certamente fará de tudo para trazer de volta seus consumidores. Os governadores e prefeitos - inclusive aqueles que muitas vezes de forma irresponsável decretaram um lockdown infinito e desnecessário - preparam-se para atrair seus visitantes e aumentar a arrecadação.

Nada mais justo do que isso, pois o turismo é um produto fácil de vender, e o Brasil é um país soberbo por sua beleza natural e pela cultura multifacetada de seu povo. Mas, a grande indagação que se faz, é se os governos estão preparando  toda a infraestrutura necessária para recepcionar seus visitantes e manejar com segurança o trânsito que será gerado? E, claro, tudo isso sem prejudicar o cotidiano de seus habitantes.

Até o momento quase não se percebe a elaboração de um planejamento integrado para as férias deste fim de ano.  Ressalvada às operações de verão que, exaustivamente, se repetem ano a ano sem considerar a especificidade de cada época e, em particular desta que por motivos já elencados poderá atrair um maior volume de pessoas e veículos.

Importante frisar que, desta feita, ainda sob os efeitos da pandemia, necessário se faz considerar que o planejamento precisa ser integrado, por todos os níveis governamentais, pela iniciativa privada e por organizações do terceiro setor.

A pandemia, por hora arrefeceu, mas o vírus chinês continua ativo. A rede hospitalar desses locais turísticos, se dedicou ao tratamento da moléstia e não teve tempo, ainda, para se reaparelhar e preparar-se para atender uma demanda crescente e atípica dos que procurarão esses locais para descansar, se divertir, e esquecer, um pouco, os tensos momentos vividos.

A fiscalização e o policiamento de trânsito, destacando-se o rodoviário, ainda não estão prontos para a rápida expansão do fluxo de veículos. Magias feitas no passado, como largar viaturas ao longo das estradas, deixaram de ser uma estratégia eficiente. Deslocar contingentes de policiais rodoviários do interior para o litoral - prática tão comum no passado recente - lembra o antigo proverbio de desvestir um santo para vestir o outro. A sociedade sabe, perfeitamente, que essa prática do lençol curto resulta, na maioria das vezes, no despatrulhamento do interior e aumenta a probabilidade de eventos adversos no meio e na ponta dos trajetos.

Deve-se destacar a valiosa presença do policiamento e da fiscalização que funcionam, de certa forma, como as máscaras preventivas para se evitar o contágio pelo vírus chinês. Responsáveis pelo controle da velocidade e os comandos da chamada Lei Seca, são sempre essenciais na prevenção da acidentalidade no trânsito. A questão é se terão ou não efetivos em número suficiente para cumprirem com suas múltiplas responsabilidades.

É, sem dúvida uma árdua tarefa, uma vez que o mesmo policial que cuida da segurança do tráfego, dos condutores e dos passageiros age também nas ações policiais, repressivas, contra a criminalidade e o tráfico de entorpecentes que nessa época crescem como uma bola de neve.

A dura constatação é que Estados e Municípios fazem de tudo para atrair o turismo, alguns apostando alto demais, mas pouco se importam com a segurança de seus pagadores de impostos e dos visitantes que procuram atrair.

Tudo fica ainda mais grave quando se considera que parte da receita obtida pelas multas de trânsito, destina-se exclusivamente para segurança e educação de trânsito, mas são muitas vezes direcionadas para outras finalidades, como por exemplo complementar a folha de pagamento de estados e de municípios.

Deve-se alertar, que ainda se vive um ano atípico, e as pessoas chegarão aos destinos turísticos cansadas, maltratadas por longos períodos de prisão domiciliar, desnorteadas com o presente e o futuro e alarmadas por uma mídia mais militante que jornalística.

Importante compreender que os que se deslocam querem chegar logo, são fugitivos de um lockdown que lhes foi imposto pelo vírus chinês e por governantes locais, na maioria das vezes, desprovidos de bom senso e de amor ao próximo.

A pressa, o pavio curto e a ansiedade são componentes dessa realidade pandêmica, aqui e no mundo. Crianças e adolescentes, irresponsavelmente mantidos fora da Escola por dois anos, estarão compreensivelmente angustiados por chegar ao destino e se soltarem.

Impossível desconsiderar o clima psíquico social reinante na hora de planejar a recepção desses visitantes, a interação com as comunidades locais e sua passagem por estradas, ruas e avenidas.

Férias de verão, turistas e residentes, mais do que nunca, exigem planejamento antecipado, sensibilidade social, segurança e respeito!

JOSÉ ROBERTO DE SOUZA DIAS

Doutor em Ciências Humanas e Mestre em História Econômica pela USP, criou e coordenou o Programa PARE do Ministério dos Transportes, foi Diretor do Departamento Nacional de Trânsito – Denatran, Secretário-Executivo do Gerat da Casa Civil da Presidência da República, Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Ciências Sociais de
Florianópolis – Cesusc, Two Flags Post – Publisher & Editor-in-Chief.