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31 de Agosto, de 2022
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By ELLEN BRUEHMUELLER
Atropelamentos no Brasil: mais de 50% das vítimas têm mais de 50 anos

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde mostram que em 2020, 5.120 pessoas morreram em decorrência de atropelamentos no Brasil. Chama a atenção, no entanto, o perfil dos pedestres vítimas dessas ocorrências. Do total, 2.657 pessoas tinham mais de 50 anos, ou seja, mais de 50% das vítimas.

Outro dado preocupante é que, destas, 1.693 pessoas possuíam mais de 60 anos. Conforme Flávio Emir Adura, médico do tráfego, diretor científico da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) e professor aposentado do Departamento de Medicina Preventiva da UNIFESP, uma das causas é o prejuízo cognitivo que acontece nessa idade.

“A mortalidade por atropelamento é maior a partir dos 60 anos. A diminuição do nível de atenção os leva a desrespeitar sinais de trânsito e a uma percepção limitada do risco, das distâncias e proximidades de um veículo”, explica.

Ainda conforme o médico, outros fatores contribuem com esse índice de atropelamentos de idosos no Brasil. “O tráfego não é perfeitamente planejado e adequado para pessoas de idade avançada. Como em muitos outros aspectos da vida, o idoso se vê excluído e marginalizado e encontra um ambiente adverso e hostil como pedestre em uma grande cidade. Para atravessar uma rua, uma pessoa idosa carece de agilidade e rapidez para se desviar dos veículos. Se é portador de dores crônicas, sua marcha é lenta e se cansa ao caminhar, escolhendo, por vezes, caminhos mais curtos e fora das faixas de segurança para cruzar as ruas”, aponta Dr. Adura.

Fatores de risco

Uma pesquisa realizada pela Direção Geral de Tráfego (DGT), da Espanha, mostrou que os idosos têm o seu aspecto mais vulnerável quando circulam como pedestres. E alguns dos principais problemas enfrentados por eles nesta situação são distinguir a cor das luzes e perceber a velocidade efetiva dos veículos na via, além da distração, presente, com mais frequência, nos idosos acima de 70 anos.

De acordo com a pesquisa os pedestres idosos enfrentam um conjunto de obstáculos nas ruas. Dentre eles estão o excesso de velocidade do veículo, a condução imprudente e, em muitos casos, o curto espaço de tempo do semáforo para pedestre.

Além dessas questões de estrutura das vias e do trânsito, de acordo com o diretor científico da Abramet, alterações nas funções musculoesqueléticas, da visão, do tempo de reação, da audição, além de limitações inerentes ao processo de envelhecimento predispõem o idoso ao risco de atropelamentos. “Se considerarmos as funções cognitivas (aprendizado, memória, atenção, reconhecimento e juízo crítico) compreende-se que o envelhecimento neuronal certamente irá comprometer a integração de todas estas funções, contribuindo este prejuízo cognitivo para o aumento significativo de atropelamentos”, argumenta o especialista.

Dicas de segurança

Para o Dr. Flávio Emir Adura, o idoso deve continuar participando do trânsito, mas com todos os cuidados necessários. “Andar é uma atividade sadia, pois mantém a forma física e auxilia a digestão, estimula o sistema circulatório, coloca o homem em contato com a natureza, com os imprescindíveis raios solares e é ferramenta de quase absoluta necessidade para a vida social”, diz.

Para que isso aconteça, o apoio da família é fundamental, pois é ela quem melhor poderá avaliar os riscos. Nesse sentido, o prejuízo cognitivo do idoso pode impedi-lo dessa autoavaliação.

“As pessoas em idade avançada não devem enfrentar desacompanhadas o agressivo trânsito dos dias de hoje”, reforça o médico.