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Caos no Trânsito: Ciclistas e Motociclistas Circulam à Sombra da Lei
25 de Maio, de 2024
Artigo
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By JOSÉ ROBERTO DE SOUZA DIAS
Caos no Trânsito: Ciclistas e Motociclistas Circulam à Sombra da Lei

O aumento alarmante de acidentes envolvendo motociclistas, ciclistas e pedestres no Brasil é uma tragédia anunciada.

Nas ruas de São Paulo, uma das maiores metrópoles do mundo, a impressão que se tem é que para esses usuários das vias, o Código de Trânsito Brasileiro é apenas uma sugestão ignorada.

O desrespeito às leis de trânsito é visível e constante: motociclistas e ciclistas trafegam em alta velocidade, muitas vezes nas calçadas, ignoram sinais vermelhos e não respeitam a mão e contramão. Essa anarquia coloca em risco a vida de pedestres, especialmente os mais vulneráveis, como idosos, crianças e gestantes.

A Avenida Paulista e suas travessas são exemplos claros dessa realidade caótica, refletindo um problema que se repete em todo o país.

A fiscalização é insuficiente e, quando presente, muitas vezes é conivente. Os agentes de trânsito parecem evitar agir, temendo repercussões administrativas ou por saber que a justiça e seus superiores frequentemente protegem mais os infratores do que os próprios agentes da lei.

Este ano, sendo um ano eleitoral municipal, agrava ainda mais a situação. As autoridades, temendo perder votos, hesitam em tomar medidas que possam ser impopulares, mesmo que isso custe vidas e cause mutilações.

É inaceitável que, em um país com tantos recursos provenientes das multas de trânsito, não haja investimentos efetivos em programas de redução de acidentes.

De acordo com dados do Instituto de Ortopedia e Traumatologia da USP (IOT) e dos Institutos Médicos Legais (IMLs) de São Paulo, o número de acidentes envolvendo motocicletas aumentou em 15% nos últimos cinco anos. As internações hospitalares decorrentes de acidentes com bicicletas aumentaram em 12% no mesmo período.

Em 2020, a maioria das mortes de motociclistas ocorreram em áreas urbanas, totalizando 64% dos casos. No Brasil, a taxa de fatalidade no trânsito foi de 19,7 por 100.000 habitantes, indicando a gravidade da situação.

Além disso, os pedestres representam 17,7% das mortes no trânsito em 2022, com um aumento constante desde 2010 (Road Safety Facility) (Injury Facts) (IIHS-HLDI).

É crucial que os governos municipais e estaduais utilizem os recursos disponíveis para implementar programas robustos de conscientização e fiscalização.

As montadoras de veículos, por sua vez, precisam criar e se engajar em campanhas educativas  pró-vida, voltadas para motociclistas, ciclistas e pedestres, promovendo um trânsito melhor para todos.

A segurança no trânsito é uma responsabilidade coletiva. Precisa-se criar políticas públicas eficazes, fiscalização rigorosa e uma mudança de comportamento por parte de todos os usuários das vias. Somente assim, poderemos transformar o caos atual em um ambiente urbano seguro e civilizado.

JOSÉ ROBERTO DE SOUZA DIAS

Doutor em Ciências Humanas e Mestre em História Econômica pela USP, criou e coordenou o Programa PARE do Ministério dos Transportes, foi Diretor do Departamento Nacional de Trânsito – Denatran, Secretário-Executivo do Gerat da Casa Civil da Presidência da República, Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Ciências Sociais de
Florianópolis – Cesusc, Two Flags Post – Publisher & Editor-in-Chief.