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Quantas horas devo trabalhar sobre duas rodas?
17 de Outubro, de 2025
Artigo
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By DIRCEU RODRIGUES ALVES JUNIOR
Quantas horas devo trabalhar sobre duas rodas?

Sabendo da repercussão da condição social, psicológica e do próprio trabalho sobre o organismo do homem, das agressões do trabalho sobre múltiplos aspectos e fatores que concorrem para um maior desgaste do operador, não podemos deixar de relacionar e analisar o perfil psicoemocional e as condições ergonômicas do trabalho.

Contabilizando os movimentos realizados na direção veicular, somando aos estímulos visuais, auditivos e à vibração de corpo inteiro, temos que concluir que tais operadores são submetidos a uma sobrecarga física e mental alarmante.

Tudo isso concorre para o estresse físico e mental do nosso motociclista, e se computarmos os problemas de ordem pessoal e familiar, agravada estará à sobrecarga.

Diante de tais fatos, temos que aceitar que a operação repercute intensamente no organismo humano, concorrendo para o aparecimento de múltiplas queixas, desde sinais e sintomas até doenças orgânicas reais, além de alterações da estrutura psicoemocional, concorrendo para as doenças psicossomáticas, assim como para as doenças psiquiátricas.

O estresse, na realidade, é uma perda da capacidade adaptativa. Não temos dúvidas de que os operadores do tráfego, na sua maioria, são submetidos a crises de adaptação às situações mais diversas e a cada momento recebem estímulos. O medo de bater com o veículo, de atropelar um pedestre, de um assalto ou de outra qualquer violência leva esses trabalhadores a situações de tensão, de agressão, que muitas vezes ultrapassam a capacidade defensiva dos operadores, provocando doença.

A penosidade do trabalho assim entendida aponta para um excesso que vai além do limite de um indivíduo normal. O trabalho torna-se penoso porque se dá mais do que é possível, por excesso de movimentos e por inconveniência de estímulos.

Na caracterização da penosidade encontramos:

Movimentos repetitivos (LER)  -   Exposição a ruídos acima de 85 dB      -  Vibrações maiores do que 0,63m/s2    -   Variações climáticas (chuva, sol, enchente)

Exposição a agentes físico, químico e biológico    -    Doenças degenerativas e incapacitantes    -   Estresse psicológico e social     -    Jornada de trabalho longa   

Desrespeito ao relógio biológico    -   Fadiga visual     -     Desconforto pessoal     -    Trabalho em ambiente isolado   

Todos esses fatores concorrem para dois principais sintomas responsáveis por grande parte dos nossos sinistros, fadiga e o sono.

Quanto maior a exposição aos fatores, ou melhor, quanto maior a jornada de trabalho maior é a agressão ao organismo com aparecimento de sinais, sintomas, doenças e aumento do índice de sinistros.

Vale a pena lembrar que com quatro horas de trabalho sobre duas rodas temos lapsos de atenção. Com oito horas de trabalho temos déficit de atenção. Isto aumenta em duas vezes a possibilidade de sofrermos sinistros e evoluirmos para doenças.

Não recomendamos jornadas maiores de seis horas na atividade sobre duas rodas.

A motocicleta é um transporte ágil, porém frágil.

A agilidade da motocicleta aumenta à fragilidade de quem a pilota.

Reflita sobre esse tema, seja você motociclista profissional ou empresário do ramo.

Vamos melhorar a nossa qualidade de vida no trabalho usando equipamentos de segurança, respeitando as regras de trânsito e sabendo que precisamos voltar para casa.

Trabalhar sobre duas rodas é mais do que uma profissão — é um estilo de vida que exige equilíbrio entre esforço, segurança e bem-estar. A quantidade ideal de horas não se define apenas por

metas financeiras, mas pela capacidade de preservar a saúde física e mental do trabalhador. O corpo tem limites, e respeitá-los é essencial para garantir não apenas produtividade, mas também dignidade e qualidade de vida. Que cada jornada seja medida não só pelo tempo, mas pelo cuidado com quem a percorre.

 Afinal, sobre duas rodas, cada hora conta — e cada vida importa.

DIRCEU RODRIGUES ALVES JUNIOR

Diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego)