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Vibração Na Direção Veicular
28 de Novembro, de 2025
Artigo
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By DIRCEU RODRIGUES ALVES JUNIOR
Vibração Na Direção Veicular

A vibração na direção de veículos é um risco físico presente em diversas atividades de transporte e pode indicar problemas mecânicos, desalinhamento, desgaste de componentes ou condições inadequadas das vias. Dependendo do tipo de veículo - carros, caminhões, motos, bicicletas ou tratores - as causas podem variar entre desbalanceamento das rodas, pneus deformados, folgas na suspensão, discos de freio empenados, rolamentos desgastados ou calibragem incorreta. Em todos os casos, a vibração é transmitida ao condutor e pode se intensificar em velocidades elevadas ou em terrenos irregulares.

Esse risco afeta especialmente motoristas profissionais, motociclistas, operadores de máquinas agrícolas e ciclistas urbanos, que frequentemente enfrentam jornadas longas, pavimentos de baixa qualidade e posturas inadequadas. A literatura científica sobre vibração ocupacional já é extensa desde o século XIX, quando Maurice Reynaud estudou os efeitos da vibração segmentar sobre mãos e braços. Posteriormente, pesquisadores como Loriga e Alice Hamilton aprofundaram o tema, até que estudos mais recentes demonstraram que motoristas estão expostos a níveis perigosos de vibração, especialmente na faixa de frequência que coincide com a ressonância da coluna vertebral. Análises feitas em grandes centros urbanos revelam que a vibração em ônibus, por exemplo, pode ultrapassar em até 70% o limite considerado seguro pela Norma ISO 2631, tornando as condições de trabalho irregulares e insalubres.

A vibração de corpo inteiro (VCI) - típica de motoristas de ônibus, caminhões, tratores e motocicletas - ocorre em frequências entre 1 e 20 Hz, que são justamente as que mais afetam estruturas da coluna e músculos posturais. Exposição prolongada pode desencadear dores difusas, fadiga, contraturas musculares, insônia, tonturas, alterações hormonais, problemas circulatórios, gastrites e até degenerações osteoarticulares. Em trabalhadores com doenças pré-existentes, como varizes, osteoporose ou condições cardíacas, a vibração pode precipitar quadros agudos, como tromboses, embolias ou fraturas. A dificuldade em correlacionar causa e efeito faz com que muitos casos passem despercebidos em avaliações clínicas.

Além dos impactos musculoesqueléticos, a vibração também pode afetar o equilíbrio, reduzir reflexos, alterar a respiração, provocar visão turva, aumentar a frequência cardíaca e comprometer a concentração do motorista - elevando o risco de acidentes. No caso das motocicletas, a vibração de corpo inteiro se soma à vibração localizada nos membros superiores, podendo levar à Síndrome de Raynaud, Síndrome do Túnel do Carpo e tendinopatias.

A legislação brasileira avança ao exigir, por meio de instruções normativas do INSS, laudos ambientais que avaliem esse tipo de exposição. No entanto, ainda não há norma específica nacional que estabeleça limites de tolerância claros para vibração ocupacional na condução de veículos. Estudos mostram que a vibração acima do limite de 0,63 m/s², previsto pela ISO 2631 para jornadas de 8 horas, exige redução do tempo de exposição, razão pela qual se sugere limitar a jornada diária a 6 horas em atividades críticas.

A vibração é, portanto, um fator que torna o trabalho de motoristas, motociclistas, tratoristas e operadores de máquinas uma atividade penosa, com consequências que variam desde dores musculares e cansaço até degenerações permanentes. Por isso, a prevenção deve ser uma responsabilidade compartilhada entre fabricantes, empresas, profissionais da saúde e órgãos públicos responsáveis pela manutenção das vias, além de exigir participação ativa do próprio trabalhador por meio de posturas adequadas, pausas e cuidados com o condicionamento físico.

 

Medidas de Prevenção

• Realizar pausas regulares durante a condução
• Ajustar corretamente assentos ergonômicos
• Manter manutenção mecânica preventiva em dia
• Corrigir alinhamento, balanceamento e calibragem dos pneus
• Evitar condução prolongada em vias de má qualidade
• Realizar alongamentos antes, durante e após o trabalho
• Manter boa hidratação e alimentação para reposição metabólica
• Reduzir o tempo de exposição quando possível
• Melhorar postura e apoiar corretamente lombar e membros
• Utilizar veículos e equipamentos com sistemas de amortecimento adequados

 

DIRCEU RODRIGUES ALVES JUNIOR

Diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego)