A situação é bem comum, principalmente em rodovias. Um motorista fica um tempo parado no congestionamento e quando o trânsito volta a fluir, percebe que não havia nada na pista que justificasse o engarrafamento. Esse é um termo conhecido como congestionamento fantasma. E sabe porque isso ocorre?
Conforme Celso Mariano, especialista e diretor do Portal do Trânsito & Mobilidade, o que se chama de congestionamento fantasma é um evento que acontece sequencialmente.
“Por exemplo, há uma fila de veículos numa pista de grande fluxo e eu estou próximo do carro da frente e muita gente atrás de mim. Quando o veículo da frente reduz eu percebo que ele pisou no freio, demoro um segundo para perceber isso e mais um segundo para eu também pisar no freio e fazer a minha redução para não colidir com o carro que está a minha frente. Quem está atrás de mim- na sequência- também demora um segundo para perceber e também mais um segundo ou mais do que isso para reduzir a sua velocidade e esse efeito em cadeia vai da frente dessa fila que começa a se formar para o fundo”, explica.
O especialista continua explicando o fenômeno. “Lá pelo terceiro, quarto, quinto carro essa diminuição já virou uma parada total. Quem está na sétima, oitava, vigésima posição tem a sensação de que está havendo à sua frente um congestionamento como se tivesse acontecido um acidente ou obras na pista. No entanto, pode não ter nada disso. Esse congestionamento foi só o efeito da velocidade relativamente alta desenvolvida, mas principalmente desse excesso de proximidade do veículo da frente”, garante.
De acordo com Mariano, aumentar o limite de velocidade não adianta, pois as consequências podem ser trágicas. “Uma coisa é você e seu amado veículo sozinhos pelas ruas. Nessa condição, o limite de velocidade poderia ser bem mais alto do que é. Mas com outros veículos circulando – e quanto mais veículos houver – menor será a velocidade possível de ser desenvolvida sem que comecem a acontecer acidentes ou congestionamentos. Por isso não há como melhorar o trânsito sem pensar no coletivo”, afirma o especialista.
Soluções
Segundo o especialista, não há mágica na resolução desse tipo de problema. “Ou se melhora a infraestrutura das vias, o que nem sempre é possível ou se trabalha com melhores condutores. E isso se faz com educação para o trânsito, que é o que mais tem faltado no nosso país. Quem for dirigir deve sempre levar em conta que essa é uma atividade que exige o máximo da pessoa. É o ser humano na sua maior exigência de entrega de habilidade cognitivas e neuromotoras. Se for dirigir faça só isso conheça e respeite as regras para a sua segurança e a de todos”, orienta Mariano.