O ex-deputado federal João Pizzolatti foi condenado a mais de cinco anos de prisão em regime inicial semiaberto por ter causado o acidente na Rodovia Werner Duwe, em Blumenau, que deixou Paulo Santos, de 30 anos, gravemente ferido. A decisão foi anunciada pela juíza Cibelle Beltrame ao final do júri popular feito no último dia 28 de agosto. A sessão começou às 9h e terminou no início da noite.
O julgamento ocorreu quase sete anos após a colisão frontal. Conforme a decisão, Pizzolatti terá de cumprir 4 anos e oito meses de reclusão por tentativa de homicídio qualificado e a 6 meses por embriaguez ao volante. Ele também perdeu o direito de dirigir por dois meses e terá de pagar reparação de danos a Paulo no valor de R$ 1,7 milhão.
Como o júri foi em primeira instância, cabe recurso. A defesa de Pizzolatti, porém, não quis se manifestar ao ser abordada pela imprensa na saída do julgamento. O ex-deputado saiu do Fórum pela porta da frente, acompanhado da esposa.
O Ministério Público defendeu que mesmo depois da ingestão de bebida alcoólica, Pizzolatti conduziu o veículo dele e percorreu a rodovia em zigue-zague e alta velocidade até invadir a contramão e bater contra o carro da vítima. A assistente de acusação, advogada Maria Haas, considerou o resultado satisfatório. “A gente já esperava esse resultado. Paulo não queria vingança, queria que ele fosse responsabilizado”, disse.
Vítima e réu ficaram frente a frente pela primeira vez e chegaram a se cumprimentar. Paulo esperou o início das oitivas em uma sala reservada e abriu os depoimentos. Ele contou sobre o dia do acidente, as sequelas, a lenta recuperação e o fato de ter tido de processar o político para receber ajuda financeira.
O impacto da colisão frontal fez o automóvel de Paulo capotar e pegar fogo. Preso às ferragens, foi salvo com fraturas graves e queimaduras de 1º e 3º grau na barriga, mão e pernas.
Relembre a história
No dia do acidente, em dezembro de 2017, populares fizeram um vídeo de Pizzolatti logo após a colisão. Apoiado em uma cerca, o ex-deputado apresentava sinais de embriaguez, narraram as testemunhas. Ele tinha um hematoma e, segundo os bombeiros, estava confuso e pronunciava palavras desconexas.
Pizzolatti foi levado pelos bombeiros ao Hospital Santa Isabel e chegou a iniciar os procedimentos no pronto-socorro, mas recusou o atendimento antes de passar por um médico e saiu do hospital. A informação foi confirmada pela unidade de saúde e não se sabe para onde ele foi levado na sequência. A Polícia Militar Rodoviária (PMRv) não acompanhou a ambulância. O ex-deputado não passou por nenhum teste de embriaguez.
Ele teve a prisão decretada em 2019 depois de ser flagrado dirigindo um automóvel em Rio dos Cedros, algo que estava proibido de fazer por medidas cautelares. Na decisão, o magistrado confirmou o argumento do Ministério Público de que a prisão do ex-parlamentar teria como objetivo a garantia da ordem pública.
Ele então foi preso pela Polícia Civil ao ser encontrado em uma clínica de reabilitação para dependentes químicos em São José, na Grande Florianópolis. À época, chegou a dividir cela com Evanio Prestini, do caso Jaguar. Cinco meses depois, foi solto por uma decisão do STJ. Medidas cautelares foram determinadas, como apresentação à Justiça a cada dois meses, proibição de mudança de domicílio sem prévia autorização judicial e internação em clínica de tratamento psiquiátrico e alcoólico.
Também foi mantida a suspensão do direito de dirigir.